domingo, 8 de novembro de 2009

REPUDIO CONTRA SOPA DE BARBATANA

30/05/2005 - 12:42
Marcelo Szpilman divulga nota de repúdio contra sopa de barbatana na Disney

Por Marcelo Szpilman*

Em função das recentes notícias de que Disneylândia de Hong Kong servirá sopa de barbatana de tubarão em seu parque temático, precisamos, todos nós, repudiar mais esse absurdo contra a Natureza.

O parque temático, que começará a funcionar no dia 12 de setembro desse ano, oferecerá o prato sopa de barbatana de tubarões em datas especiais. A Disney alega que a sopa de barbatana de tubarão é parte da alta gastronomia e da tradição dos chineses e se defende dizendo que os melhores restaurantes de Hong Kong oferecem o prato em seu menu a preços exorbitantes, como uma comida sofisticada. “A Disneylândia de Hong Kong leva muito a sério seu papel de promotor do meio ambiente, mas somos igualmente sensíveis à cultura local”, disse à imprensa a porta-voz do parque, Esther Wong.

Atualmente, os tubarões são mortos exclusivamente para obtenção de suas nadadeiras ou barbatanas. Navios de pesca japoneses e chineses costumam ser flagrados praticando uma das mais absurdas, cruéis e perturbadoras perseguições realizadas pelo ser humano: a pesca para a retirada de barbatanas, finning em inglês. Eles capturam o tubarão, cortam fora suas nadadeiras e atiram a carcaça de volta ao mar. Muitas vezes vivo e mortalmente aleijado, o tubarão afunda para morrer sangrando, comido por outros peixes ou para apodrecer no leito do mar.

Mesmo que essas nadadeiras fossem diretamente para o prato de crianças famintas, seria um total despropósito. Mas não é exatamente para isso que são ceifadas. As nadadeiras, que passaram a ser o objetivo principal e único desse tipo de pesca, atendem a um ávido e lucrativo mercado. A indústria pesqueira obtém em torno de US$ 50 por quilo de nadadeira seca, contra US$ 1 por quilo da carne de tubarão. Nos mercados asiáticos, onde o quilo pode atingir US$ 120, a nadadeira é usada no preparo da “sopa de barbatana de tubarão”, uma iguaria gelatinosa que é vendida nos restaurantes finos de Hong Kong por até US$ 150 o prato, que é tido como afrodisíaco.

Ao longo de sua história, que remonta a 150 milhões de anos e inclui a sobrevivência às causas que provocaram o fim da era dos dinossauros, os tubarões nunca enfrentaram tamanha ameaça à sua existência como a que vem ocorrendo nos últimos 15 anos.

A prática do “finning” é proibida em muitos países, incluíndo o Brasil, mas mesmo assim 120 países participam ilegalmente desse lucrativo mercado (incluindo o Brasil). Cerca de 100 a 150 milhões de tubarões são mortos anualmente em todos os oceanos, sendo boa parte para obtenção das nadadeiras.

Infelizmente, o esgotamento dos estoques naturais de muitos tubarões já é uma realidade bem perceptível. Nas duas últimas décadas, as populações de algumas espécies pescadas em todos os oceanos já foram reduzidas em até 89%, beirando o colapso.

A ameaça à sobrevivência dos tubarões, representada pela pesca comercial predatória, é progressiva, constante e silenciosa. Se nada for feito, algumas espécies poderão ser consideradas extintas antes de terminarmos a primeira década do novo milênio. No Brasil já temos 40% das espécies nas listas de espécies ameaçadas de extinção.

Deixar de ver os tubarões como feras assassinas e ter a consciência de que eles exercem um papel crucial na manutenção da saúde do ecossistema marinho e do equilíbrio da vida nos oceanos é o primeiro passo para a mudança de atitude.

Pensando assim, nos surpeeende como uma empresa internacional com enorme visibilidade como a Disney, que se diz preocupada com o meio ambiente, prefere incentivar o consumo de uma iguaria cuja captura é absolutamente insustentável a ter que contrariar a cultura local.

Projeto Tubarões no Brasil
Instituto Ecológico Aqualung
Rua do Russel, 300 / 401, Glória, Rio de Janeiro, RJ. 22210-010
Tels: (21) 2558-3428 ou 2558-3429 ou 2556-5030
Fax: (21) 2556-6006 ou 2556-6021
E-mail: instaqua@uol.com.br
Site: www.institutoaqualungcom.br

fonte:
http://www.mergulho.com.br/noticias/viewnews.php?nid=ult2770eaa01e5011042f45de2eb131145a

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