sábado, 29 de janeiro de 2011

Ditadura da embalagem supervalorizada

“Vivemos num mundo governado pela ditadura da imagem. O triunfo da estética sobre a moral. Não são apenas as empresas encasteladas em suntuosas sedes, dotadas de marcas, logos e slogans cativantes, com suas campanhas publicitárias milionárias. (...) O mundo de Narciso afeta as pessoas como as corporações. Você é tão belo quanto seus trajes e seu último corte de cabelo possam sinalizar. Tão bom quanto a procedência dos diplomas e a fluência em inúmeros idiomas possam indicar. Tão valorizado quanto a competência demonstrada e os resultados apresentados possam parecer.
Em tempos passados, ocasião que meus olhos não se atrevem a enxergar, a "embalagem" era menos representativa. (...) As pessoas eram o que demonstravam. A palavra valia tanto que bastava limitar-se ao "fio do bigode". Éramos mais essência. E mais essenciais. Os tempos modernos trouxeram a velocidade da comunicação, o excesso de informação, a imprescindibilidade dos contratos. Estradas mais largas, carros mais rápidos pelo preço de imóveis, em trânsitos mais congestionados e caóticos. Condutores perfumados com fragrâncias que custam o equivalente a três salários mínimos, vestindo ternos de valor similar a um ano de serviço árduo de um trabalhador braçal.” Tom Coelho

Assim é a bela sociedade contemporânea, que arrasta súditos que se ajoelham e logram por vitrines que transformam a cada semana. Onde pessoas compram sapatos que pagam meses de salários de famílias. Onde o lugar mais visitado e a pessoa mais valorizada é a que consegue utilizar mais o cartão de crédito (leia-se, cartão suicídio). Vale quem tem o equipamento mais potente, ou o último modelo, que nunca será o último e nem o mais moderno; quem tem o carro mais novo, quem tem a roupa mais cara. E as pessoas vão se diminuindo... julgando as embalagens e jogando fora o conteúdo e a hipocrisia impera, assim como a violência, a falta de ética e de valores... e a vida passa e acaba, como uma embalagem, que se deteriora com o tempo... que é esquecida assim que é lançada uma nova.

Qual sua opinião sobre isso? Podem discutir a respeito? 

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